Entrevista com o autor #03 - Miguel Dracul

26/11/2020

Fala galera.

Tudo bem?

Estão lendo bastante? E escrevendo?

O "Entrevista com o autor" visa buscar autores nacionais em início de carreira e dar um espaço a eles para que possam contar um pouco de seus projetos e também de suas vidas pessoais, caso queiram.

O entrevistado de hoje é um cara sensacional, organizador de uma das antologias que participei e que foi sucesso no catarse (confira aqui), quem é ele? MIGUEL DRACUL.

1 - O que a levou a ser escritor?

Uma necessidade irrefreável de me expressar e de me fazer ser ouvido. Eu sempre escrevi e desde criança tive professoras que notavam e incentivavam isso. Por volta dos 14 anos comecei a jogar RPG e o hobby foi indispensável para meu direcionamento em criação de personagens e histórias; foi jogando que nasceram os primeiros contos mais claramente estruturados, os primeiros personagens com profundidade e as primeiras cidades inventadas para conter minhas criações. Na faculdade de psicologia iniciei meu blog, o Obscuridade e Clareza com uma proposta mais crítica, trazendo reflexões e textos de opinião. Foi onde publiquei pela primeira vez e onde percebi que não queria apenas escrever, queria ser lido e dialogar sobre o que pensava e sentia. A escrita era uma maneira de me sentir menos só e funcionou.

2 - Algum personagem foi marcante em sua vida (filmes, desenhos, livros) a ponto de tornar-se seu personagem favorito? E em suas histórias existe algum personagem queridinho?

Eu tenho muitas personagens favoritas, mas vou tentar manter a lista curta. Cordelia Chase de Angel (CW, 1999) moldou a maior parte da minha personalidade com suas respostas sagazes e olhar pragmático sobre o mundo. Alison DiLaurentis de Pretty Little Liars (ABC, 2009) é o tipo de personagem que qualquer escritor sonha em ter, carismática ao ponto de seus defeitos serem tão atraentes quanto suas virtudes, suas maldades conseguem ser assustadoras e fascinantes ao mesmo tempo. Fecho a lista com Morgana em sua retratação na saga As Brumas de Avalon (de Marion Zimmer Bradley). Eu não gosto de medieval e, ainda assim, estes são meus livros favoritos no mundo, muito pela narração da Morgana, extremamente humana e inteligente. Ela é com certeza a personagem na qual mais me enxergo.

Entre os meus personagens os favoritos costumam variar, mas Destiny foi um personagem que saiu do RPG para os livros e ao qual amo incondicionalmente por ser um personagem sombrio e violento como poucas vezes fui capaz de criar. Os irmãos Armand e Angelo (presentes na minha primeira publicação e na antologia Além do Sangue) também são queridinhos por permitirem que eu explore diálogos inteligentes e emocionais, atrelados a dinâmicas familiares que amo ver na ficção.

3 - Qual a sensação de entrar no mundo da literatura?

Entrar é uma delícia, né? Hahahah. Eu me senti muito validado quando aconteceu, era a comprovação de que eu realmente sabia fazer aquilo. Depois de um tempo de jornada e algum amadurecimento a sensação permanece sendo ótima, mas já posso dizer que "fracassos" não me fazem sentir desacreditado tanto quanto no começo. Amo escrever, amo editar, amo levar histórias para o mundo, sejam as minhas ou de autores com os quais colaboro em outras partes do processo criativo. 

4 - Antes de escrever você costuma pesquisar? Se sim, como funcionam essas pesquisas? Qual é a sua busca por referências e inspirações?

Depende. Eu costumo usar cenários brasileiros baseados em cidades as quais conheço para desenvolver minhas histórias. Isso aliado ao fato de minhas referências fantásticas virem de uma grande bagagem de entretenimento consumido desde os anos 90, normalmente me exime de depender de muita pesquisa antes de começar a criar. Minhas inspirações principais raramente são literárias. Situações da minha própria vida, séries de TV ou até mesmo músicas são coisas que costumam se traduzir em histórias na minha cabeça e se transformar em contos.

Um fato interessante é que muitos de meus protagonistas foram personagens de RPG antes de irem parar em publicações. Para esses eu dispenso um grande tempo de pesquisa; músicas relevantes na época onde se encontram, hábitos e cultura do lugar onde moram, e até línguas. Já criei uma playlist com mais de 500 músicas russas do fim da década de 80 e aprendi um bocado de russo, francês, espanhol e latim para compor personagens os quais interpretei, isso acaba transbordando para meus contos.

5 - Os leitores costumam cobrar algo de você?

Sim! Um romance. Hahaha. Segundo um amigo leitor, eu deveria transformar cada conto que já publiquei em um livro completo. Posso dizer que uma obra mais extensa está nos planos para 2021.

6 - Como funciona o seu processo criativo? Tem algum ritual na hora de escrever?

Para mim toda história começa, antes de tudo, com um personagem interessante, e é das relações deste personagem com o mundo e com outras personagens que surgem as oportunidades de se usar a fantasia como metáfora para conflitos e criar uma obra cativante. Quase todas as minhas histórias surgem por um diálogo na minha cabeça e a partir disso trabalho o restante. Na hora de escrever o ritual é estar bem alimentado, ter água, algum doce perto e ter ido ao banheiro antes, tudo para não parar durante o processo.

7 - Quais são seus projetos futuros?

2020 foi um ano mais produtivo do que o esperado, considerando as circunstâncias. Este ano tive um conto publicado na Revista Trasgo, organizei a Antologia Além do Sangue dentre outras coisas. Estão a caminho meus contos na antologia O Crocitar de Lenore e na Eita! Magazine.

Sigo dando continuidade em meu trabalho como produtor editorial com a Razzah Publishers então, se você que estiver lendo isso tiver um livro e estiver buscando publicá-lo entre em contato.

Também passei a oferecer serviços de leitura crítica, uma forma de auxiliar autores a refinarem seus textos, por um preço bem camarada. Nesse trabalho ofereço descontos especiais para autores pretos e/ou LGBTQIA+, uma maneira de potencializar as oportunidades de pessoas que vem de uma jornada de vida similar à minha, almejando que ocupemos cada vez mais às páginas da literatura brasileira.

Gostaria de deixar algum recado para os leitores do Blog, e para seus futuros leitores?

Meus agradecimentos ao Mateus por esse convite tão gentil e por me ceder este espaço para falar sobre mim e a profissão que tanto amo. Agradeço a você que leu, me siga nas redes sociais, tenho contos que podem ser acessados gratuitamente por meio delas. Continuem vivendo e criando histórias pela leitura.

Sobre o autor

Miguel Dracul tem 27 anos e é fã de seriados da década de 90, RPG e videogames. Nasceu em Campo Grande - MS, mas cresceu no interior de São Paulo na cidade de Presidente Prudente. A despeito de sua conexão com a literatura vir de pequeno e ter criado histórias desde sempre - sendo incentivado por sua mãe, uma mulher super forte e criativa -, se formou em psicologia na UNESP de Assis, com ênfase em clínica tradicional e psicologia da educação. O momento determinante para o direcionamento de sua escrita foi quando criou o Obscuridade e Clareza, seu blog, no ano de 2013. Sua primeira publicação impressa foi na antologia Além do Arco-Íris em 2018 pela Editora Rouxinol. Desde então teve diversas publicações, dentre elas contos nas antologias Decididos - Uma Celebração Bissexual (Editora Margem), Entre Portas e Histórias (Bilbbo), Taverna Bode Mágico e Além do Sangue (Sem Tinta). Miguel também é colaborador do site Seleções Literárias e produtor editorial pela Razzah Publishers.


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